Daniela Arbex: a arte de construir e resgatar memórias

Foto: Ronald Mendes

“Quando você morre em um país sem memória, imediatamente eles te esquecem”. A frase é de Jorge Amado, mas resume completamente a essência do trabalho da jornalista Daniela Arbex, que esteve no sábado, no primeiro dia de Feira do Livro, na Praça Saldanha Marinho. Daniela contou, em um bate-papo que durou pouco mais de uma hora, sobre o processo de produção de seus três livros – Holocausto Brasileiro, Cova 312 e Todo Dia a Mesma Noite, a história não contada da Boate Kiss – que têm, em comum, o incessante desejo de resgatar histórias e memórias.

A premissa da construção de memórias – para que tragédias e injustiças não se repitam – norteia o trabalho de Daniela, que carrega mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles o Prêmio Jabuti, em 2014, por Holocausto Brasileiro. Mais uma vez visitando a Praça Saldanha Marinho (ela também esteve no ano passado na Feira do Livro), a jornalista conduziu uma plateia um pouco tímida mas muito atenta, passeando pelos bastidores na busca para contar a história do maior hospício do Brasil, em Barbacena, onde mais de 60 mil pessoas morreram condenadas à loucura. Registros audiovisuais feitos durante a produção do livro foram mostrados para o público. Em um deles, a equipe de reportagem registra o momento em que o filho de uma mulher internada em Barbacena descobre que quem a deixou no hospício foi o próprio pai.

Daniela também falou dos bastidores de Cova 312, em que o protagonista é um santa-mariense, militante político que foi torturado pelas forças armadas, mas sua morte, à época, foi dada como suicídio. Em mais um mergulho investigativo, ela conta a história do jovem até descobrir seu corpo, na cova 312, que dá nome ao livro.

Mas, especialmente para Santa Maria, o momento mais emocionante da noite foi quando a jornalista exibiu bastidores da construção de Todo o Dia a Mesma Noite, no qual conta a história de familiares, sobreviventes e profissionais de saúde que se envolveram no incêndio que matou 242 pessoas na Kiss, em 2013. Ali foi difícil conter o choro. Com sensibilidade e cuidado, antes da publicação do material, Daniela leu os capítulos do livro a cada familiar que se permitiu contar sua história a ela. Os momentos foram registrados em vídeos, que também foram exibidos durante a conversa.

Depois do bate-papo Daniela autografou seus livros e conversou com a plateia.

Veja aqui a programação completa da Feira do Livro

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